Treine seus atendentes. Outro dia estava almoçando em um restaurante, com ambiente agradável e garçons atenciosos. Tudo estava indo muito bem, até que houve um problema técnico: a impressora do caixa deixou de funcionar. Sem ela, não dava para imprimir a conta detalhada. Como saída, a gerência solicitou aos clientes que se dirigissem ao caixa, verificassem a conta no monitor e pagassem.
“Tudo bem”, pensei. Só que, como o restaurante estava cheio, surgiu uma fila enorme no caixa, na qual passei longos minutos e o resultado foi que toda experiência vivenciada no almoço se perdeu.
Não poderia ter havido outra solução? Que valorizasse o cliente e não transferisse o problema técnico do restaurante para ele? Bastava escrever à mão o total da conta, levar até a mesa do cliente, explicar a situação e deixar para ele a decisão de conferir ou não. O restaurante até achou uma solução, mas criou um problema para o cliente.
Costumo dizer que os prestadores de serviços, estão, sempre, na hora da verdade. Tudo deve ser pensado, mas é quando acontecem problemas que a equipe demonstra se realmente estava preparada, se verdadeiramente assimilou a importância do cliente. Claro que o ponto de vista administrativo é necessário, porém, sem o ponto de vista do cliente, a empresa e sua equipe perdem o bom senso.
Infelizmente, essa é uma situação comum, tudo vai bem até um acontecimento imprevisto. Parece que muitos atendentes, inclusive gerentes de lojas, não estão preparados para resolver contingências e a raiz desse fato não está na falta de jogo de cintura de quem está na linha de frente.
O problema, efetivamente, é de bastidores. Vem da completa falta de treinamento na formação de atendentes ou do fato de que, quando há treinamento, esse ensina somente a operar, a praticar conforme os regulamentos de atendimento. Treinam pessoas como se fossem máquinas, treinam corpos e não mentes.
Está armada a bomba-relógio. A qualquer intempérie surgida no atendimento, como o problema do restaurante citado acima, adotam-se soluções mais alinhadas com o tipo de treinamento recebido: burocrático e normativo.
Faltam aos atendentes flexibilidade, velocidade, percepção, empatia e, principalmente, inovação – as soluções simples, descomplicadas e que efetivamente resolvem o problema dentro das possibilidades. Claro que nem todo problema pode ser resolvido, mas sabemos que os pequenos entraves que acontecem com mais freqüência podem receber um tratamento melhor.
É realmente pedir demais a uma equipe, treinada para cumprir regulamentos e normas, que tenha também jogo de cintura e capacidade de resolução de problemas. Só que é justamente isso que muitos diretores exigem de suas gerências e equipes. E ainda, quando tratam do assunto, abordam de uma forma motivacional, na base do incentivo, do apoio, do “vamos lá!”.
Deve-se capacitar e não transferir a responsabilidade para que a linha de frente “se vire”.
É preciso ir além da prática de treinamentos operacionais:
Sim, somente quando equipes conhecem os processos internos e procedimentos de atendimento de suas áreas é que se consegue respostas e soluções que realmente resolvam situações inesperadas, de forma simples, alinhadas e, o melhor, com a compreensão e entendimento de todos.
Treinar operações é básico e fundamental para que o proposto seja executado com precisão. Só que a direção precisa ir além e deve dispor de treinamentos mais amplos, capacitando a equipe a conhecer todo o funcionamento da sua unidade de negócios, como suas funções estão inseridas dentro de uma tática de atendimento e de uma estratégia da companhia no mercado.
Assim, desenvolvendo equipes com amplas informações e conhecimentos técnicos e conceituais, estimulamos uma postura mais propositora, inovadora e geradora de ideias, que não precisa esperar problemas surgirem para só depois reagir.
E lembre-se: no restaurante a comida estava ótima, porém, foi a última experiência, a da fila enorme no caixa, que marcou na memória do cliente.
Apaixonado por praticar, aprender e ensinar marketing desde 1995.