Clima organizacional

O clima é reflexo das atitudes do gestor nas relações com os outros

Há um ponto comum entre as várias definições de liderança: a de que o líder é um formador de times, ou seja, de pessoas e das boas relações entre elas. A questão é que, no ambiente corporativo, as relações não são causas, mas conseqüências que refletem, exteriorizam e multiplicam a maneira de se comportar do gestor.

Assim como as crianças, não as ensinamos pelo verbo, pelo controle ou pela “bronca”: ensinamos pelo exemplo das nossas atitudes com elas, com outras pessoas e com o mundo. Portanto, a compreensão da postura e atitude de trabalho não são ensinadas por normas, regimentos, reuniões ou por controle gerencial. Valores intrínsecos e pessoais como cooperação, pró-atividade, assertividade, envolvimento, disciplina, respeito e ética são necessários para que as pessoas, mesmo enfrentando condições desfavoráveis como a pressão do tempo, baixos salários e estruturas subdimensionadas, encontrem motivos para exercerem suas funções com primazia e alta performance. E esses valores são percebidos e assimilados, como as crianças, pela forma como as pessoas se relacionam, principalmente, como a gestão se relaciona com suas pessoas.

São essas relações que formam o clima do ambiente de trabalho. Clima tem a ver com a maneira como as coisas funcionam, como as pessoas reagem, e também com significados subjetivos como o humor, o espírito e até o ar. O que é difícil explicar em palavras é facilmente compreendido sensorialmente no dia-a-dia. O clima está por aí, não sabemos muito defini-lo, mas ele regula o modelo de como as pessoas tratam e compreendem suas ações no ambiente de trabalho. Não cabe ao líder tentar mudar diretamente como as pessoas são com outras e seu ambiente, cabe ao líder trabalhar seu exemplo e melhorar suas relações pessoais, isso ele pode fazer. Indiretamente é possível modificar um clima, mas mesmo este que existe não foi criado de uma hora para outra. Por isso que a liderança é uma prática diária e mesmo quando não a praticamos a exercemos de modo positivo ou desfavorável. Sempre há clima onde há pessoas interligadas.

Numa empresa, não se ensina pelo verbo, pelo controle ou pela ‘bronca’. Se ensina pelo exemplo.

Essa lógica, claro, não é uma regra. Pessoas são surpreendentes e mesmo sob uma gestão controladora e castradora nem todos, obrigatoriamente, são rudes e reativos com os colegas. Antes de serem profissionais e assimilarem o clima vigente, pessoas trazem influências próprias, familiares e culturais. Temos nossos próprios climas que orientam nossas relações exteriores. Por outro lado, nosso comportamento é influenciável e cada um carrega um nível de flexibilidade e adaptação.

Como sabemos, quanto menor a operação da empresa mais ela precisa das suas pessoas – afinal, infra-estrutura, capital financeiro e tecnologia são fundamentais em operações complexas. Mas em pequenas organizações que trabalham com poucos funcionários, clientes e vendas, são as pessoas que fazem a diferença e a empresa acontecer. Todo empreendedor sabe disso, por isso, ao pequeno empresário, saber desenvolver e estimular um bom clima de trabalho é crucial para o sucesso de seus planos. É o que observamos em empreendimentos que crescem. Se analisarmos friamente tudo é mais difícil para o pequeno empresário e, quando este prospera, muito se deve a qualidade das relações com as pessoas de trabalho. Essa é a grande vantagem de empresas familiares quando possuem em casa um clima cooperativo e de respeito. Organizações familiares podem ter seus problemas quanto à profissionalização da gestão e das suas decisões, mas entendem muito bem a importância do clima para a união e integração das pessoas.

O empresário deve colocar o clima como uma das suas principais pautas de trabalho. Óbvio, como foi apresentado, não há como influenciarmos o clima diretamente. O clima é intangível, não o vemos, só percebemos. O que se pode fazer é praticar boas relações pessoais com todos, a todo momento. Atender bem para que todos atendam bem, e ter consciência que pessoas podem aprender com treinamentos e orientações, mas assimilam mesmo é com o exemplo de atitudes e comportamentos. Então, pratique bons exemplos para cultivar um bom clima, busque a coerência entre suas decisões e suas atitudes. Seus funcionários não são crianças, mas filmam e registram suas ações tão bem quanto.

Escrito por : Marcelo Miyashita

Apaixonado por praticar, aprender e ensinar marketing desde 1995.